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Foto do escritorVinícius Costa

Aula Escrita #10: Filosofia Contemporânea - Parte 1

Revisão de Filosofia em Texto e Imagens!









“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje!”

NIETZSCHE, Friedrich. Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, §125.



1. Hegel.



Ele nasceu e viveu no auge do iluminismo. Primeiro serve-se da filosofia de Kant e escreve sobre religião num ponto de vista bem racional colocando Cristo como um mestre moral da razão. Na juventude escreve sobre o conceito de vida e de amor que se opondo a si mesma e na reflexão suspende a unidade original. A mediação dos contrários é o amor que supera o separado sem que o separado deixe de existir. Amor é a unidade dialética.

O absoluto de Hegel é o pensamento que se pensa a si mesmo, o que equivale a dizer que o absoluto é o espírito, o sujeito autoconsciente. Em outras palavras, Deus é aquele que passa por uma história e nela se revela.

A dialética de Hegel consiste numa TESE - IDÉIA (afirmação- Trindade- Pai= Totalidade divina, a amor quando se sente e se perde de si mesmo, a origem é una), depois a ANTÌTESE - NATUREZA ( negação Filho =o homem que se separou do Pai, o outro que é amado = divide-se na multiplicidade) e resulta na SÍNTESE - ESPÌRITO ( negação da negação Espírito Santo = o homem que superou a alienação e voltou consciente à totalidade divina, a amor que só pode ser entendido qdo visto pelo todo =reencontram-se na unidade).

Filosofia para Hegel é a construção do absoluto pela consciência superando oposições (Dialética do finito e infinito = afirma o infinito negando o finito e assimo finito negando o próprio finito, isto é negando a própria negação fazemos uma afirmação de que o finito é mais que o finito, ou seja, que é o momento da vida do infinito.).

Para Hegel não há sentido uma teoria do conhecimento, pois a relação sujeito-objeto encontra-se numa síntese global onde o "espírito" é a síntese de toda a realidade, isto é toda experiência necessita de um contexto histórico.

Hegel é o filósofo da razão absoluta querendo fundamentar uma metafísica isenta da crítica kantiana e assim não tira conclusões da experiência que a ultrapassa, mas indaga pala essência e pela condição da própria experiência.

O OBJETO é o evidente. Investiga o que se considera o conhecido. A essência do pensamento dele é a DIALÉTICA, isto é, pensar é um processo de unificação. Metafísica e lógica se coincidem: "Tudo que é real é racional; tudo que é racional é real.". Não há distinção entre o pensamento absoluto e o ser absoluto; o pensamento não é senão o pensamento do ser e o ser não é senão pensamento: PENSAMENTO E SER SE IDENTIFICAM. (O PENSAMENTO É SER E O SER É EPNSAMENTO). O que Kant separa Hegel une (Ser e pensar). "O racional por si só é real", que significa que a realidade é capaz de ser expressa em categorias reais. O objetivo de Hegel era reduzir a realidade a uma unidade sintética dentro de um sistema denominado idealismo transcendental.Na dialética de Hegel forma e conteúdo são inseparáveis. afirmava que a filosofia está sempre enraizada na história, embora sempre persiga uma concepção de realidade como um todo em evolução, em que cada parte é animada por todas as outras.

Deus para Hegel é transcendente e imanente no mundo, ele está neste mundo e está em Deus, o infinito no finito. Deus é histórico, vivo e atuante na história. Como eterno, Ele funda a história do homem e do mundo, sendo ao mesmo tempo, origem, centro e futuro do homem e do mundo.

Em resumo: Para Hegel, o saber de si é sempre um saber do outro e vice versa. A consciência - que em-si, já é um saber - é sempre saber de algo. Na "Fenomenologia do Espírito" (1807), Hegel discorre sobre este conceito. Na "Odisséia" da Consciência (a consciência a caminho da consciência de-si) que representa o "vir-a-se-de-si" (o devir) da Idéia, ou seja, a passagem da Razão ao Espírito, está pré-figurada essa dialética do saber. Trata-se, de acordo com a "tríade fundamental" da dialética hegeliana (Tese/Idéia; Antítese/Natureza; Síntese/Espírito),do desenvolvimento das figuras ou estágios da consciência, compreendidas, dialeticamente, da seguinte forma: o instante da "Tese" (o ser em si) corresponde ao conceito da Idéia em-si; o instante da "Antítese" (o ser para-si) corresponde ao conceito da Idéia em seu exteriorizar-se, em seu tornar-se outro, ou seja, a Idéia fora de sí; e o instante da "Síntese" (o ser em-si e para-si)corresponde ao conceito da Idéia em-si e para-si, a Idéia em seu retorno a si. Ai, não mais a Idéia naquele absoluto imediato da Tese, mas sim, como um absoluto mediatizado, isto é, como "Espírito Absoluto" (o saber que sabe a si mesmo enquanto saber de si). Com isso, a intenção de Hegel é menos ser um racionalista absoluto, na mais autêntica expressão do termo, que um elucidador da dinâmica da essência do ser como manifestação. Para Hegel o conceito é "sujeito", "atividade" (tal como ocorre à consciência, o conceito ou o sujeito se opõe a si mesmo, alienando-se em seu vir-a-ser e reconciliando-se consigo mesmo nessa oposição).




Dialética é um devir universal, isto é, sentido de uma determinada estrutura lógica, técnica de argumentação. A razão é importante e não o entendimento. A estrutura consiste em lógica, natureza e espírito, ou seja, a própria realidade é racional (acompanha). Esses 3 momentos são únicos e trabalham e conjunto.

Hegel dizia que as maiorias dos filósofos não fizeram um sistema pq não conseguiram e explicar o universo não é explicar as causas, pois será uma busca eterna de causas e o cientista pode identificar as condições ideais para ávida, mas não pode afirmar que as condições serão essenciais. Para ele explicar o universo é dizer-lhe a "razão", pois esta se refugia na mente e é possível ter acesso pelos idealistas pelo meio intelectual/razão.

A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a verdade está nos objetos) nem exclusivamente subjetiva (a verdade está no sujeito), mas ela é a unidade necessária do objetivo e do subjetivo. Ela é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as idéias, entre o mundo exterior e a consciência, entre o objeto e o sujeito, entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva. O que é afinal a razão para Hegel?

A razão é:

  1. o conjunto das leis do pensamento, isto é, os princípios, os procedimentos do raciocínio, as formas e as estruturas necessárias para pensar, as categorias, as idéias - é razão subjetiva;

  2. a ordem, a organização, o encadeamento e as relações das próprias coisas, isto é, a realidade objetiva e racional - é razão objetiva;

  3. a relação interna e necessária entre as leis do pensamento e as leis do real. Ela é a unidade da razão subjetiva e da razão objetiva.

Por que a razão é histórica?

A unidade ou harmonia entre o objetivo e o subjetivo, entre a realidade das coisas e o sujeito do conhecimento não é um dado eterno, algo que existiu desde todo o sempre, mas é uma conquista da razão e essa conquista a razão realiza no tempo. A razão não tem como ponto de partida essa unidade, mas a tem como ponto de chegada, como resultado do percurso histórico ou temporal que ela própria realiza.

Qual o melhor exemplo para compreender o que Hegel quer dizer? Revendo:

Vimos que os inatistas começaram combatendo a suposição de que opinião e verdade são a mesma coisa. Para livrarem-se dessa suposição, o que fizeram eles? Disseram que a opinião pertence ao campo da experiência sensorial, pessoal, psicológica, instável e que as idéias da razão são inatas, universais, necessárias, imutáveis.

Os empiristas, no entanto, negaram que os inatistas tivessem acertado, negaram que as idéias pudessem ser inatas e fizeram a razão depender da experiência psicológica ou da percepção. Ao fazê-lo, revelaram os pontos fracos dos inatistas, mas abriram o flanco para um problema que não podiam resolver, isto é, a validade das ciências.

A filosofia kantiana negou, então, que inatistas e empiristas estivessem certos. Negou que pudéssemos conhecer a realidade em si das coisas, negou que a razão possuísse conteúdos inatos, mostrando que os conteúdos dependem da experiência; mas negou também que a experiência fosse a causa da razão, ou que esta fosse adquirida, pois possui formas e estruturas inatas. Kant deu prioridade ao sujeito do conhecimento, enquanto empiristas e inatistas davam prioridade ao objeto do conhecimento.

Que diz Hegel? Que esses conflitos filosóficos são a história da razão buscando conhecer-se a si mesma e que, graças a tais conflitos, graças às contradições entre as filosofias, a Filosofia pode chegar à descoberta da razão como síntese, unidade ou harmonia das teses opostas ou contraditórias.

Em cada momento de sua história, a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e, logo a seguir, uma tese contrária à primeira ou uma antítese. Cada tese e cada antítese foram momentos necessários para a razão conhecer-se cada vez mais. Cada tese e cada antítese foram verdadeiras, mas parciais. Sem elas, a razão nunca teria chegado a conhecer-se a si mesma. Mas a razão não pode ficar estacionada nessas contradições que ela própria criou, por uma necessidade dela mesma: precisa ultrapassá-las numa síntese que una as teses contrárias, mostrando onde está a verdade de cada uma delas e conservando essa verdade. Essa é a razão histórica.

A solução hegeliana revela uma concepção cumulativa e otimista da razão:

  • Cumulativa: Hegel considera que a razão, na batalha interna entre teses e antíteses, vai sendo enriquecida, vai acumulando conhecimentos cada vez maiores sobre si mesmas, tanto como conhecimento da racionalidade do real (razão objetiva), quanto como conhecimento da capacidade racional para o conhecimento (razão subjetiva).

  • Otimista: para Hegel, a razão possui força para não se destruir a si mesma em suas contradições internas; ao contrário, supera cada uma delas e chega a uma síntese harmoniosa de todos os momentos que constituíram a sua história.


2. Nietzsche



Um dos mais polêmicos pensadores da história, Nietzsche elabora uma filosofia com foco na ética e crítica a religião, privilegiando a primazia da vontade sobre as normas morais racionais e antinaturais.


a) Os espíritos filosóficos


Toda a reflexão ética de Nietzsche apoia-se nos conceitos de Espírito dionisíaco e Espírito apolíneo.

I. Deus Apolo: deus ligado à luz, à razão, à beleza e à moral.

II. Deus Dionísio: deus do vinho, da fertilidade, do drama, do prazer.

Para o filósofo, o homem tem duas dimensões, uma ligada à natureza, ao prazer, à vontade (Espírito Dionisíaco) e outra ligada à razão, ao controle, ao equilíbrio (Espírito Dionisíaco). Tal dimensão natural é aquela que faz o homem realmente humano, que o torna próximo de si mesmo e que deve ser sobreposta à outra dimensão de maneira que a satisfação da própria natureza é o que faz o homem de fato humano.

b) A crítica à filosofia

Nietzsche afirma que o mundo ocidental fez sua opção, com Sócrates, pelo espírito apolíneo, deixando em segundo plano o espírito dionisíaco. Assim, na cultura ocidental abandonou-se a vontade, os desejos, a natureza e apegou-se somente à razão, à vida moral determinada unicamente por valores racionais que afastam o homem de sua natureza original. A partir desta escolha, as características plenamente humanas, aquelas que permitiram que o homem saísse do estado animal, como a eliminação dos fracos pelos mais fortes, dos incompetentes pelos competentes, dos estúpidos pelos astutos, e as características que compõe os líderes naturais como a confiança, coragem, inovação, imaginação, ousadia, criatividade, destemor, curiosidade, enfim tudo o que ele chama de vontade de poder, foram desprezadas. No lugar da natureza, foram privilegiadas as características da ‘moral de escravos’, que ignoram a natureza e prezam pelo controle racional. Segundo Nietzsche, tais valores não se sustentam, são valores baixos e depreciativos do homem. Os moralistas, como Sócrates e Jesus, defenderam um conjunto de valores que protegiam os fracos contra os fortes. Eles pregavam que a justiça e não a força deve reinar; os mansos e não os arrojados herdarão o céu. Esses valores colocam todos os homens, mesmo os melhores, em igualdade com a massa medíocre da humanidade. As características típicas dos escravos foram exaltadas como virtudes: uma vida de serviço aos outros, de abnegação, de sofrimento, de autossacrifício. Neste momento, mesmo os indivíduos talentosos tiveram seu “eu” negado em vista de terem que se “nivelarem por baixo”, e tudo em nome da moralidade racional da moral cristã-ocidental. Nietzsche afirmará que essa é a pior decadência humana, pois o que é valorizado não é o melhor do homem, mas o seu pior. Tal moral não foi dada por Deus, mas foi imposta pela ralé, pelos piores, que constituem a maioria dos homens, pois é para eles que tais normas de conduta servem. Assim, a filosofia deveria libertar o homem, levá-lo ao NIILISMO (negação radical dos valores racionais) e à busca pelos valores que reafirmam a vida e não a tolhem, a desprezam. Nietzsche conclama a humanidade a fugir dos valores e crenças tradicionais e a buscar o prazer natural.

c) A moral de Nietzsche



A crítica de Nietzsche ao cristianismo é ácida e destruidora. Segundo o filósofo, o cristianismo elimina a vontade de poder, os desejos, enfim, aquilo que é natural. Prega que o homem deve negar-se para ser salvo. Por isso, tal moral tornou-se caduca, não correspondendo mais ao mundo atual. Na verdade, aqueles que ainda se prendem a tal moral não passam de cínicos e hipócritas, uma vez que defendem uma vida regrada por estes valores, mas não os vivem efetivamente. O cristianismo, ou melhor, a cultura cristã-ocidental, degenera o homem, doma o espírito e enfraquece a vontade de poder quando condena todos os valores da vontade de poder que são naturais. É nesse sentido que Nietzsche fala da morte de Deus. Tal conceito, mal interpretado, poderia dar a falsa ideia de morte de Deus em si enquanto ser divino. Mas o que o filósofo quer dizer com este conceito é que a cultura cristã-ocidental, com seus valores depreciativos que condenam a natureza, deve ser desprezada e abandonada. Nada de transcendente deve guiar a vida humana, dando um fim definitivo aos fundamentos transcendentais da existência moral. Para Nietzsche, a moral e os valores do homem ocidental derivam de crenças religiosas que o próprio homem está deixando de sustentar , por isso é necessário romper definitivamente com tais valores, onde entende-se o fazer filosofia com o martelo, e construir uma nova ordem de valores baseados na natureza e vontade de poder, que libertem e levam o homem à plenitude da vida.



Diante da irracionalidade do mundo são possíveis 3 posturas possíveis ao homem: fraco, forte e inocente.

1. O Camelo: homem fraco, que traz sobre si o peso dos valores cristão-ocidentais e se mantém na inércia sobre sua própria vida.

2. O Leão: homem forte, capaz de se revoltar contra os valores tradicionais e colocar-se a caminho na construção de novos valores.

3. A criança: homem inocente que esquece, recomeça e aceita o natural como modo de vida e base dos novos valores libertadores e que levam à felicidade e realização.

d) O eterno retorno




No conceito de Eterno retorno, Nietzsche expõe sua oposição radical ao platonismo e ao cristianismo que ele denomina de platonismo popular, rejeitando qualquer distinção entre dois mundos (real e ideal; terra e céu). Para o filósofo só existe este mundo real e não há qualquer ilusão de uma outra realidade metafísica, única, imutável e perfeita. Neste mesmo raciocínio, defende que não há uma verdade necessária e universal. O que existe são apenas modos diferentes de ver a realidade e esta está em constante transformação.

A vida é o que é. Constitui apenas uma sucessão de fatos que se repetem sempre. Sendo assim, apresenta-se como um teste para o homem, podendo levá-lo à destruição ou à exalta- ção, dependendo de sua capacidade de aceitar essa repetição infindável ou se desesperar com a perda da ilusão de uma vida após a morte que seria eterna e perfeita

e) O super homem




O Homem deve assumir uma postura de não aceitação dos valores tradicionais, deve superá-los, buscando realizar a vontade de poder, determinando uma nova ordem de valores que privilegiem a vida natural. Somente esta capacidade de se autodeterminar, de supera a si mesmo, de livrar-se das amarras de uma moral decadente é que levarão o homem à felicidade. Tal situação de superação, que Nietzsche chama de Super homem, caracteriza-se por fomentar o homem guerreiro, disciplinado, criativo, reflexivo, crítico, valente, destemido, corajoso, imaginativo etc. É neste sentido que diferenciamos o santo cristão, homem sem orgulho, sem paixão, sem cólera, sem instinto de guerra e de conquista, produto do medo da morte e do inferno, do homem nobre, que é a própria representação da vontade de poder, produto do amor à humanidade e a si mesmo.





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