Rvisão de Sociologia em Texto e Imagens!
Os fluidos se movem facilmente. Eles 'fluem', 'escorrem', 'esvaem-se', 'respingam', 'transbordam', 'vazam', 'inundam', 'borrifam', 'pingam', são 'filtrados', 'destilados'; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos - contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho... Associamos 'leveza' ou 'ausência de peso' à mobilidade e à inconstância: sabemos pela prática que quanto mais leves viajamos, com maior facilidade e rapidez nos movemos
Bauman, Z. (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar. p. 8.
A Condição Pós Moderna.
A pós-modernidade é um conceito da sociologia histórica que designa a condição sociocultural e estética dominante, principalmente, após a queda do Muro de Berlim (1989), o colapso da União Soviética e a crise das ideologias nas sociedades ocidentais no final do século XX, com a dissolução da referência à razão como uma garantia de possibilidade de compreensão do mundo, mas que tem seu início com os movimentos de ruptura ideológica no mundo em 1968. A ideia da condição pós-moderna é algumas vezes caracterizada como uma cultura despida de sua capacidade de funcionar em qualquer estado linear ou autônomo como isolacionismo regressivo, em oposição ao estado mental progressivo do modernismo. Alguns comentaristas, como Ulrich Beck, Anthony Giddens e Zygmunt Bauman, negam que a modernidade tenha terminado e consideram a era pós-Segunda Guerra Mundial uma continuação da modernidade, a que se referem como segunda modernidade, modernidade líquida ou modernidade tardia.
O uso do termo se tornou corrente embora haja controvérsias quanto ao seu significado e à sua pertinência. A pós-modernidade pode significar uma resposta pessoal a uma sociedade pós-moderna, as condições de uma sociedade que a tornam pós-moderna ou o estado de ser associado a uma sociedade pós-moderna, bem como a uma época histórica. Na maioria dos contextos, deve-se distinguir do pós-modernismo, a adoção de traços ou filosofias pós-modernas nas artes, cultura e sociedade. De fato, hoje, perspectivas históricas sobre os desenvolvimentos da arte pós-moderna (pós-modernismo) e da sociedade pós-moderna (pós-modernidade) podem ser melhor descritas como dois termos genéricos para processos envolvidos em um relacionamento dialético contínuo, tal como o pós-pós-modernismo, cujo resultado é a cultura evoluindo do mundo contemporâneo.
Pós-modernidade é o estado ou condição de ser pós-moderno - depois ou em reação àquilo que é moderno, como na arte pós-moderna. A modernidade é definida como um período ou condição largamente identificado com a Revolução Industrial, a crença no progresso e nos ideais do Iluminismo. Em Filosofia e na Teoria Crítica, pós-modernidade refere-se ao estado ou condição da sociedade existir depois da modernidade - uma condição histórica que marca o fim da modernidade.
O projeto da modernidade, segundo Habermas, era a promoção do progresso mediante a incorporação de princípios de racionalidade e hierarquia na vida pública e da vida artística. Lyotard entendeu a modernidade como uma condição cultural caracterizada pela mudança constante na perseguição do progresso. Pós-modernidade, então, representa a culminação desse processo em que a mudança constante se tornou o status quo e a noção de progresso obsoleta.
2. Bauman
As condições associadas à Pós-Modernidade são variadas e podem ser agrupadas em 5 categorias diferentes: Hiperrealidade, Fragmentação, Reversão de consumo e produção, Descentralização do sujeito e Justaposição paradoxal:
Hiperrealidade
Esta categoria resume-se essencialmente em tornar real algo em que certa altura fora impossível ou simulação ou, efetivamente, apenas uma hipótese. Para Baudrillard, as simulações não passam de representações de situações imaginárias ou, em alguns casos, de situações imaginárias do passado. Através de diferentes tipos de comunicação, os significados atribuídos podem ser destacados do conceito original e outros novos significados podem ser atribuídos. Um grande exemplo poderá ser uma simples pasta de dentes. Tirando o significado associado à mesma (pasta que serve para escovar os dentes), este termo pode adquirir outro novo significado simbólico como beleza, felicidade, atração, etc. Estes novos significados podem simular uma nova realidade através do poder da comunicação e são aceites como verdade. Na verdade, a comunidade consumista torna-se crente porque acaba por aceitar estes novos significados como verdadeiros, uma vez que ao utilizar a pasta dos dentes este sentir-se-á atrativo, bonito, feliz, etc. O fenómeno do marketing é imediatamente reconhecível nesta condição. Efetivamente, o marketing dá novo significado a um termo, palavra e marca, substituindo o pré existente.
Fragmentação
Esta categoria implica que em cada instante em que haja consumo, o consumidor compromete-se a fazer diferentes atos simultaneamente com diferentes propósitos. Um grande exemplo será a mulher que é vista como mãe, funcionária exemplar, uma parceira ideal para o cônjuge e uma excelente cozinheira. Cada um destes papéis representa uma diferente imagem, que requer diferentes personalidades e que são visíveis, geralmente, apenas numa só mulher. Outra exemplo, muitas vezes associado a esta condição são alguns centros comerciais. Estes optam, para além consumo associado a estes estabelecimentos, por outros tipos de entretenimento (outras atividades de marketing). Nordstrom’s trata-se de um centro comercial onde é possível comprar o que este oferece e, simultaneamente, estar na presença de um concerto ao vivo. O consumidor pode aqui experienciar diferentes experiências fragmentadas.
Além disso, a fragmentação transformou, sem sombra de dúvida, a habilidade para ler e descobrir conexões entre diferentes objetos na era Pós-modernista. Os slogans “Just do it”, “Heartbeat of America” e “Leva a amizade a sério” são associados imediatamente ao objeto em questão. A habilidade para associar imagens e associar significados é, efetivamente, o coração da cultura do marketing.
Reversão de consumo e produção
Um dos maiores mitos da era Modernista baseava-se essencialmente no papel antagonista da produção e do consumo. O valor era criado na produção e destruído no consumo. Na era da Pós-Modernidade, o consumo deixa de ser considerado profano e destrutivo e a produção deixa de ser definida como sagrada e valiosa. O consumo tem deixado de ser associado ao profano, a algo que não deve ser falado. Começa, efetivamente, a ser aceite. Este passa também a ser reforçado pelo marketing através de um processo no qual os indivíduos se definem a si próprios e definem o seu modo de vida na sociedade contemporânea. Efetivamente, as escolhas que o consumidor faz são determinadas pelas diferentes experiências obtidas por cada sujeito. Na produção, os produtores são os humanos e os produtos são as comodidades (objetos, alimentos, serviços, etc). No consumo, os produtores geralmente são as imagens (representadas nos produtos, comodidades, alimentos, etc) e os produtos são os humanos. Na era Pós-Modernista há, indubitavelmente, uma reversão da produção e do consumo.
Descentralização do sujeito
Na era Modernista, o humano era visto como o centro com habilidade para atuar independente e autonomamente na escolha e em alcançar os seus objetivos. Para os pós-modernistas, existe uma confusão entre o sujeito e o objeto, não se sabendo bem qual deles está, de facto, em controlo. Por exemplo, o sujeito segue as instruções do manual para usar o microondas ou máquina de lavar. As suas ações são determinadas pelas propriedades e estruturas dos produtos. Na verdade, o papel do ser humano passa apenas por permitir que os produtos efetuem as suas funções. A confusão existente é também aumentada pelo simples facto de o sujeito se considerar um item do marketing e ter tendência para ser representado como uma imagem. Isto é visível no aumento da procura da cirurgias plásticas para corresponder às expetativas culturais. Assim sendo, a moda torna-se a metáfora da cultura.
Justaposição paradoxal
Esta condição permite a justaposição de alguma coisa com outra, por mais contraditória que possa ser (exibir emoções opostas, por exemplo). Está presente quer a nível literário ou até mesmo na arte. A nível da comunicação social, esta condição está bastante patente. Um exemplo será um anúncio que é, simultaneamente, ironizado mas ao mesmo tempo promovido ou então um anúncio que ganha credibilidade através da negação da mesma. Outro exemplo comum são os restaurantes étnicos. Estes podem ser divididos em dois tipos: aqueles que servem imigrantes e aqueles que transformam as suas cozinhas para cativar os consumidores mais refinados. Os que optam pelo segundo tipo de restaurantes sabem que, efetivamente, as cozinhas foram modificadas para agradar os seus palatos, mas ao experienciarem a comida deste tipo de restaurantes, defendem a ideia que estão a vivenciar outra cultura étnica. Wilson defende a ideia que o Pós-Modernismo jamais recusa privilegiar apenas uma só perspetiva, mas sim reconhecer apenas diferenças, nunca desigualdade, reconhecer fragmentos e nunca conflito.
3.Bourdieu
Habitus é um sistema de disposições incorporadas, tendências que organizam as formas pelas quais os indivíduos percebem o mundo social ao seu redor e a ele reagem (em termos de classe social, religião, nacionalidade, etnia, educação, profissão etc.), como o habitus é adquirido através de mimesis e reflete a realidade vivida a que os indivíduos são socializados, sua experiência individual e oportunidades objetivas. Assim, o habitus representa a forma como a cultura do grupo a história pessoal moldam o corpo e a mente e, como resultado, moldam a ação social no presente.
O conceito de habitus — também conhecido como capital cultural incorporado[3] — foi desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu com o objetivo de pôr fim à antonomia indivíduo/sociedade dentro da sociologia estruturalista.[4] Relaciona-se à capacidade de uma determinada estrutura social ser incorporada pelos agentes por meio de disposições para o seu modo de ser — sentir, pensar, agir.
O habitus é, portanto, um conjunto unificador e separador de pessoas, bens, escolhas, consumos, práticas, etc. O que se come, o que se bebe, o que se escuta e o que se veste constituem práticas distintas e distintivas; são princípios classificatórios, de gostos e estilos diferentes. O estabelece, perante habitus esses esquemas classificatórios, o que é requintado e o que é vulgar, sempre de forma relacional, já que, “por exemplo, o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou ostentatório para outro e vulgar para um terceiro”.
O que é feminismo?
Feminismo é um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objetivo comum: direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões patriarcais, baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade entre homens e mulheres, além de promover os direitos das mulheres e seus interesses.[1][2][3][4][5] De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira na década de 1990 até a atualidade A teoria feminista surgiu destes movimentos femininos[8][9] e se manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história feminista e a crítica literária feminista.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.
Durante grande parte de sua história, a maioria dos movimentos e teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres brancas de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte. No entanto, desde pelo menos o discurso de Sojourner Truth, feito em 1851, às feministas dos Estados Unidos, mulheres de outras etnias e origens sociais propuseram formas alternativas de feminismo.[16] Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento pelos direitos civis que surgiu nos Estados Unidos e o colapso do colonialismo europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste Asiático. Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e nos países em desenvolvimento propuseram feminismos "pós-coloniais"— nas quais algumas postulantes, como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional ocidental como sendo etnocêntrico.
Desde a década de 1980, as feministas argumentaram que o movimento deveria examinar como a experiência da mulher com a desigualdade se relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas argumentaram que os papéis sociais dos gêneros seriam construídos socialmente, e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres por todas as suas culturas e histórias.
O feminismo é um movimento social que, segundo os historiadores, surgiu após a Revolução Francesa e que se fortaleceu na Inglaterra, durante o século XIX, e depois nos Estados Unidos, no começo do século XX. Esse movimento luta pela igualdade de condições entre homens e mulheres, no sentido de que ambos tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
É importante pontuar que feminismo não é o oposto de machismo, pois o machismo é uma construção social que promove e justifica atos de agressão e opressão contra as mulheres. Já o feminismo, conforme mencionamos, é o movimento social que luta contra as manifestações do machismo na sociedade. Assim, o objetivo final do feminismo é construir uma sociedade que ofereça igualdade de condições entre os dois gêneros.
Raízes do feminismo
As origens do movimento feminista remontam ao período das revoluções liberais, das quais o grande destaque foi a Revolução Francesa, influenciada pelos ideais do Iluminismo. Desse período, pode-se destacar a ação de Olímpia de Gouges, que, durante os anos iniciais da Revolução, lutou pela emancipação dos direitos das mulheres, defendendo, principalmente, o direito das mulheres de participar ativamente da política.
Criticou de maneira contundente a atuação dos revolucionários, que, apesar de defenderem causas de “liberdade” e “igualdade”, ainda mantinham a mulher subjugada ao ambiente doméstico, não as permitindo adentrar a política. Em 1791, lançou a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã em contraposição à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, na qual criticava as desigualdades existentes entre os gêneros.
Olímpia de Gouges era girondina e, por suas críticas ao governo imposto pelos jacobinos na época do Terror, foi presa, julgada e sentenciada à morte. Olímpia foi guilhotinada no dia 3 de novembro de 1793, e os relatos afirmam que, ao subir no cadafalso para sua execução, Olímpia soltou a seguinte frase: “A mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve ter igualmente o direito de subir à tribuna.
O movimento feminista ganhou força de fato na Inglaterra ao longo do século XIX, passando depois para os Estados Unidos a partir do século XX. No caso da Inglaterra, o movimento feminista concentrou-se principalmente na luta pela igualdade de condições de trabalho nas indústrias inglesas. As mulheres exigiam uma carga de trabalho e um salário iguais aos dos homens.
No começo do século XX, o movimento espalhou-se para os Estados Unidos e teve como principal bandeira de luta a questão sufragista, ou seja, o direito ao voto. Do movimento sufragista no Reino Unido, destacam-se os nomes de Emmeline Pankhurst e de Emily Davison. A segunda ficou particularmente conhecida por ter se jogado em frente ao cavalo do Rei, o que causou a sua morte em 1913.
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No caso do Brasil, o movimento sufragista foi encabeçado por Bertha Lutz, que liderava a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF). Esse movimento feminista encabeçado por Bertha Lutz é atualmente questionado pela sua conduta vista como conservadora. No entanto, a atuação do sufragismo no Brasil fez com que as mulheres tivessem o direito ao voto decretado em 1932.
A partir da década de 1960, o feminismo iniciou uma nova fase, muito influenciada pelo contexto de agitação social com as jornadas de 1968 e o surgimento do movimento hippie. Nesse período, o movimento feminista ganhou força e passou a defender a ideia de que as opressões e violências cometidas no âmbito privado estão relacionadas a uma conjuntura de opressão política. Assim, para reforçar a defesa contra as violências privadas, é necessário atacar a opressão como um todo no âmbito político.
Da década de 1990 em diante, uma nova fase do feminismo iniciou-se e foi nomeada de “terceira onda do feminismo”. A partir desse período, tratou-se de discutir algumas visões imprecisas do feminismo da segunda onda (década de 1960) e o debate foi ampliado com o feminismo, a partir de Organizações Não Governamentais (ONGs), podendo ter acesso a comunidades de mulheres carentes e podendo exercer maior pressão sobre o Estado para o desenvolvimento de políticas em defesa das mulheres.
5. A questão Racial
A democracia racial é um termo usado por algumas pessoas para descrever relações raciais no Brasil. O termo denota a crença de alguns estudiosos que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial. Estudiosos afirmam que os brasileiros não vêem uns aos outros através da lente da raça e não abrigam o preconceito racial em relação um ao outro. Por isso, enquanto a mobilidade social dos brasileiros pode ser limitada por vários fatores, gênero e classe incluído, a discriminação racial é considerada irrelevante (dentro dos limites do conceito da democracia racial).
O conceito foi apresentado inicialmente pelo sociólogo Gilberto Freyre, na sua obra Casa Grande e Senzala , publicado em 1933. Embora Freyre jamais tenha usado este termo nesse seu trabalho, ele passou a adotá-lo em publicações posteriores, e suas teorias abriram o caminho para outros estudiosos popularizarem a ideia.
Freyre argumentou que vários fatores, incluindo as relações estreitas entre senhores e escravos antes da emancipação legal dada pela Lei Áurea em 1888, e o caráter supostamente benigno do imperialismo Português impediu o surgimento de categorias raciais rígidas. Freyre também argumentou que a miscigenação continuada entre as três raças (ameríndios, os descendentes de escravos africanos e brancos) levaria a uma "meta-raça". A teoria se tornou uma fonte de orgulho nacional para o Brasil, que se contrastou favoravelmente com outros países, como os Estados Unidos, que enfrentava divisões raciais que levaram a significantes atos de violência. Com o tempo, a democracia racial se tornaria amplamente aceita entre os brasileiros de todas as faixas e entre muitos acadêmicos estrangeiros. Pesquisadores negros nos Estados Unidos costumavam fazer comparações desfavoráveis entre seu país e o Brasil durante a década de 1960.
Nas últimas quatro décadas, principalmente a partir da publicação em 1976 de Preto no Branco, escrito por Thomas Skidmore, um estudo revisionista das relações raciais brasileiras, os estudiosos começaram a criticar a noção de que o Brasil seja de verdade uma democracia racial. Skidmore argumenta que a elite predominantemente branca na sociedade brasileira promoveu a democracia racial para obscurecer formas de opressão racial.
Os críticos que se opõem à ideia da democracia racial, afirmando que ela seja um mito, frequentemente usam como base a alegação genérica de que não seria possível definir com exatidão à qual raça uma pessoa pertença realmente, visto que os próprios indivíduos não são capazes de se definir. Muitos pesquisadores relatam estudos em que demonstram a discriminação generalizada nos campos do emprego, educação e política eleitoral. O uso aparentemente paradoxal da democracia racial para obscurecer a realidade do racismo tem sido referido pelo estudioso Florestan Fernandes como o "preconceito de não ter preconceitos". Ou seja, porque o Estado assume a ausência de preconceito racial, ele não consegue fazer cumprir o que existem poucas leis para combater a discriminação racial, pois acredita que tais esforços sejam desnecessários.
Michael Hanchard, cientista político da Universidade John Hopkins, argumenta que a ideologia da democracia racial, muitas vezes promovida por aparatos estatais, impede uma ação efetiva de combate à discriminação racial, levando as pessoas a atribuírem a discriminação a outras formas de opressão e permitindo que funcionários do governo acusados neguem a sua existência, mesmo que apenas inicialmente.
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