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Aula Escrita #6: Filosofia Medieval - Parte 1

Revisão de Filosofia em Texto e Imagens!





Na Idade Média, devido ao predomínio do cristianismo e a herança do pensamento grego-romano, a relação conflitante entre a fé religiosa e a razão filosófica ocupa os pensadores cristãos. Este conflito pode ser caracterizado pelas frases de santo Anselmo e de santo Tomás de Aquino: Santo Anselmo: "Não tento, Senhor, penetrar na tua profundeza, porque de modo algum comparo a ela minha inteligência, mas desejo, ao menos, compreender tua verdade, em que meu coração crê e ama. Com efeito, não procuro compreender para crer, mas creio para compreender." Santo Tomás de Aquino: "Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Algumas são verdades referentes a Deus e que excedem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus, ser Deus, Deus ser uno, e outras semelhantes, Estas os filósofos, conduzidos pela luz da razão natural, provaram, por via demonstrativa, poderem ser realmente atribuídas a Deus. Embora a supracitada verdade da fé cristã exceda a capacidade da razão humana, os princípios que a razão humana têm postos em si pela natureza não podem ser contrários àquela verdade."

Disponível em: http://www.philosophy.pro.br/razao_e_fe.htm.



1. O Contexto Medieval.




Considera-se o período medieval como o período que vai do séc. V até o séc. XV, marcado, historicamente, pela queda do Império Romano do Ocidente (476) até a queda de Constantinopla (1453). No entanto, uma observação importante deve ser feita. Tal divisão segue uma lógica da história em que temos dois acontecimentos que determinam a divisão da chamada “Noite de 1000 anos” ou “Idade das Trevas”. Porém, mais importante que a divisão histórica é compreendermos a Idade Média em seu aspecto filosófico, evidenciado na relação entre fé e razão, ou seja, a relação entre religião cristã e filosofia/ciência. Este é o fato mais importante do período medieval que marcará todo o desenvolvimento do pensamento cristão e sua relação com as explicações das verdades reveladas. Em outras palavras, que marcará o surgimento da Teologia enquanto a área do conhecimento que busca a explicação sobre Deus e suas manifestações.



Se a busca pela verdade é o que marca a existência racional do homem, tal verdade, na Antiguidade, era buscada pelo homem, de modo que os pensadores pré-socráticos, Sócrates, Platão e Aristóteles, principalmente, buscavam a compreensão do homem e do mundo a partir desta racionalidade. Na Idade Média, tal preocupação continua:

Como encontrar a verdade?

E a resposta era clara e evidente:

Não é possível encontrar uma verdade construída pelo homem, mas a verdade que é dada por Deus.


A isso chamamos Verdade Revelada. Deus se mostra, se revela ao homem que deve assumir um papel de submissão e aceitação irrestrita de tais verdades, uma vez que são inquestionáveis. Desse modo, alterando nossa cronologia tradicional histórica, a Idade Média, entendida pela filosofia, deve contemplar o nascimento do cristianismo como momento em que a discussão que envolve a fé e a razão inicia-se. Isso significa que devemos compreender a Idade Média a partir do nascimento do cristianismo no séc. I. Se no início o cristianismo não trazia maiores problemas para o Império Romano (lembremos que neste período o Império Romano havia se expandido pelo norte da Europa, Oriente Médio e Norte da África, dominando quase todo o mundo conhecido, o que inclui, obviamente, a região do Mediterrâneo Oriental, onde nasce o cristianismo) uma vez que era tido como somente mais uma seita dos povos dominados, com sua mensagem de paz, fraternidade, amor e perdão, prometendo a vida eterna como recompensa pela vida sofrida e dedicada a Deus, aos poucos este mesmo cristianismo alcançou números expressivos de fiéis, que seguiam e inclusive estavam dispostos a se sacrificarem em nome de Jesus de Nazaré. Com este crescimento expressivo, os Romanos começam a ver no cristianismo uma ameaça crescente aos seus interesses e a possibilidade de uma revolta ou revolução social. Como frear o crescimento de tais cristãos? Como medida de contensão do crescimento do cristianismo os romanos começam o período de perseguição aos fiéis dessa nova religião. Tal período ficou conhecido como o período dos mártires. No entanto, a morte de cristãos que se recusavam em se tornar apóstatas (aqueles que negavam o cristianismo) fazia com que mais pessoas se convertessem a essa nova religião, de modo que se tornou impossível o combate ao seu crescimento. Envolto em invasões germânicas (bárbaras) os romanos, em 313, com o Edito de Milão, reconhecem o cristianismo como religião, e em 337, com a conversão de Constantino, o Cristianismo ganha ainda mais força, o que culminou com sua oficialização como religião do império Romano em 391 por Teodósio. Neste contexto de crescimento e legitimação do cristianismo, inevitavelmente surgem críticas e heresias contra os cristãos e sua doutrina. Desse modo, com o objetivo de defender o cristianismo de combater tais heresias , criar uma unidade doutrinária no cristianismo e de convencer os neoconvertidos das ideias cristãs, tornou-se urgente elaborar um conjunto de teorias e explicações que pudessem dar embasamento teórico e filosófico ao próprio cristianismo. Neste momento nasce a Teologia.






2. Escolas Medievais





Se o problema, ou discussão, mais importante da Idade Média envolve a questão da relação entre fé e razões podemos dividir este período de acordo com este critério em quatro períodos:


I. Padres Apostólicos (sec. I até metade séc. II):


Interessavam-se em pregar a Boa nova, não se importando diretamente com a filosofia. Nos primeiros anos de Cristianismo as vivências dos preceitos cristãos eram mais valorizadas pela comunidade primitiva do que a racionalização da fé.

II. Padres Apologistas (Séc. II até metade séc. III):

Interessados em defender a fé (apologia = defesa) contra quaisquer ideias que contraponha o cristianismo. Desta forma já iniciam uma explicação das doutrinas e verdades cristãs;

III. Patrística (séc. III até séc. IX):



Período que vai do século III até o século VIII, a Patrística é o movimento dos primeiros Padres da Igreja que se empenharam em justificar ou explicar a fé cristã, tendo em vista a conversão dos pagãos (todos os que não são cristãos) através da elaboração de textos argumentativos escritos por estes pensadores, que provam e explicam logicamente as verdades da fé. Pode ser definida como a retomada do pensamento de Platão, conforme os modelos teológicos da época, estabelecendo estreita relação entre filosofia e religião. A razão era considerada como auxiliar da fé e a ela subordinada. Neste contexto, a filosofia platônica é utilizada como base para explicação da fé cristã. Obviamente aqueles pontos em que a filosofia de Platão se distancia das verdades religiosas (Platão era pagão) são rejeitados. É também onde figura como principal teólogo e criador de boa parte das teorias cristãs Santo Agostinho, principal Padre da Igreja e reconhecidamente um dos mais importantes pensadores da Idade Média;

IV. Escolástica (séc. VIII até o séc. XV):



Período mais importante da Idade Média, em que surgem as mais significativas sistematizações da doutrina e ideias cristãs, representada principalmente pelo filósofo mais importante depois de Aristóteles, Santo Tomás de Aquino (séc. XIII). A Escolástica viveu o auge e o declínio da Idade Média. É muito importante que fique bem clara a ideia de que, apesar da filosofia e ciência serem retomadas como forma de explicação das verdades da fé, construindo portanto a teologia medieval, a relação entre estes dois modos de conhecimento não garante sua igualdade, ou seja, na Idade Média a fé, enquanto Verdade Revelado, ocupa papel predominante e a filosofia assume um papel secundário de apenas explicar a fé e nunca que questioná-la ou duvidar de suas verdades. Desse modo, não há possibilidade de dúvida, questionamento, crítica sobre as verdades da religião, mas apenas de explicação daquilo que é incontestável. Caso não seja possível explicar tais Verdades, essas são consideradas Mistérios da Fé, que devem ser aceitas mesmo sem o seu entendimento. Inicia-se no séc. VIII e vai até o fim da Idade Média no séc. XV. Em sua origem está o movimento que ficou conhecido como Renascença Carolíngia, promovido pelo rei Carlos Magno quando este, buscando uma melhor formação intelectual e cultural para os funcionários do império, funda as escolas Palatinas, retirando e exclusividade da educação e do acesso a informações daqueles que entravam para a vida religiosa nos mosteiros e abadias. Tais escolas, lideradas pela Igreja Católica, proporcionava um acesso mais amplo aos homens que buscavam uma formação intelectual. Isso não significa que, pelo menos neste momento, a população em geral estivesse próxima de tal educação, mas sim aqueles que pertenciam às classe sociais mais abastardas. Tais escolas foram as sementes das universidades europeias que foram fundadas a partir do séc. XI. Neste contexto, um dos fatores mais importantes a ser destacado é o início do desenvolvimento de um pensamento mais livre, fato que marcou definitivamente uma mudança de rumo na história ocidental durante a baixa Idade Média (séc. X a XV). É neste momento que as obras de Aristóteles, antes afastadas no mundo ocidental, voltam ao ocidente por meio das guerras religiosas, provocando profundas mudanças no modo de entendimento do mundo e na própria teologia. A Escolástica pode ser dividida em 4 grandes momentos ou fases de acordo com a relação entre fé e razão, ou seja, religião e filosofia:

1ª fase: Séculos VIII e IX - Identidade ou harmonia perfeita entre razão e fé, em que ambas se completam e não há problemas ou crises envolvendo estes campos. No entanto, vale ressaltar novamente que a fé sempre prevalece à razão.

2ª fase: Séculos XI e XII - Antítese ou surgimento das grandes diferenças entre razão e fé. Aqui as ideias começam a se afastar, de modo que algumas verdades da fé começam a ser questionadas pela razão. Perceba que, a esta altura, as universidades já estão sendo fundadas e nelas ideias mais livres da religião estão sendo engendradas.

3ª fase: Século XIII - Organização dos grandes sistemas filosóficos que buscavam explicar a fé por meio da razão, principalmente aristotélica, dentre eles o de Santo Tomás de Aquino, o mais importante pensador da Idade Média.

4ª fase: Século XIV - Dissolução da Escolástica, em que se deu o aparecimento de grandes questões que defendem a insolubilidade entre razão e fé, ou seja, que razão e fé não podem estar juntas pois tratam de coisas diametralmente opostas. É neste momento em que se vislumbra com clareza a crise da religião e a ânsia por conhecimentos que não estejam atrelados à fé.



3. Agostinho de Hipona




Principal pensador da Patrística, Agostinho de Hipona converte-se ao cristianismo somente aos 33 anos de idade. Até então, tinha o objetivo de se tornar um grande intelectual (como de fato foi) e de ocupar um cargo de destaque dentro do Império Romano. Ao se converter, Agostinho canaliza todo o seu conhecimento e intelectualidade para a construção de uma doutrina cristã de defesa da fé e das verdades religiosas, elaborando aquilo que ele mesmo denomina de Filosofia Cristã. Porém, antes de se converter ao cristianismo, Agostinho participou de correntes filosóficas em busca de algo que pudesse trazer uma paz interior ou preencher o vazio existencial e que vivia. As escolas que influenciaram a formação de Agostinho foram:


I. O Maniqueísmo:


Corrente filosófica de caráter religioso, pregada pelo profeta Mani (séc. III). Dizia que há no mundo duas forças opostas, o bem e o mal. Hoje é utilizado comumente o adjetivo maniqueísmo ou maniqueísta para se referir às situações ou ideias que vêem somente dois lados, o lado bom e o lado mau.

II. Neoplatonismo:

Corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava nos ensinamentos de Platão, porém com um caráter religioso e místico. Tal corrente tem como principal representante Plotino. Os escritos de Plotino foram reunidos por outro neoplatonico, Porfírio nas Seis Enéadas. Plotino ensina que, uma vez que a realidade última consiste nas formas ideais de Platão, o que existe é, em última análise, mental, e portanto para algo ser criado tem que ser pensado. Plotino tornou a filosofia platônica essencial para o desenvolvimento do cristianismo


Já a teoria de Agostinho baseia-se nos seguintes pontos:





a) A superioridade da alma sobre o corpo: Apoiando- -se na filosofia platônica, Agostinho entende o homem dividido em duas partes, o corpo e a alma. Alma dirige o corpo à prática do bem. A alma era responsável pelo bem e o corpo pelo mal. O corpo era fonte dos desejos carnais, que consistia na fonte do pecado. A alma deveria ser superior ao corpo, dirigindo-o a vida do homem à prática do bem. Observa-se uma clara visão maniqueísta em que o corpo é considerado mal e seus desejos e apetites devem ser combatidos pelo cristão, não se deixando seduzir pelos prazeres carnais e mundanos.

b) O homem pecador: O homem, constituído por corpo e alma, deve empreender uma luta interna constante, ajudado por Deus, para não se deixar vencer pelos desejos provenientes do corpo. Caso o homem inverta a ordem, ou seja, deixe o corpo assumir o governo de sua vida, tornar-se-ia pecador graças à possibilidade de decidir fazer o mal, isto é, graças ao livre arbítrio.

c) O livre arbítrio e liberdade: diferente de liberdade, o homem consiste em escolher arbitrariamente o que fazer guiado e impulsionado pelo mal natural que é o pecado. Possuidor de uma natureza má, seria inevitável se perder na satisfação dos desejos e pecados originados do pecado original. Portanto, toda vez que o homem fosse escolher arbitrariamente, seguindo sua vontade, a sua natureza má o levaria ao pecado e ele se tornaria escravo de seus desejos. Desse modo, o homem usa o livre-arbítrio para satisfazer sua vontade, portanto, para Agostinho, ele não pode ser autônomo, deve recorrer em todos os momentos a Deus que o ajudaria a fazer o bem. Neste sentido, livre-arbítrio é diferente de Liberdade. Esta é entendida como a harmonia entre as ações humanas e a vontade divina, ou seja, liberdade é obedecer a Deus. Segundo Santo Agostinho, a vontade, ligada aos desejos e apetites, é uma força determinante das ações humanas e não está ligada à força da razão. Dessa forma, mesmo que o homem saiba racionalmente o que deve fazer, sua vontade e pecado são mais fortes que sua razão, acabando por leva-lo ao pecado.

d) A Graça Divina: Um dos pontos mais criticados da filosofia agostiniana, a Graça Divina consiste em uma graça dada para alguns homens que lhes permitiria ser salvos. Dessa forma, mesmo que uma pessoa se empenhasse em realizar boas ações, se Deus não tivesse lhe concedido tal graça, tal pessoa não encontraria a salvação eterna. E se Deus tiver concedido a graça divina a uma pessoa que não se empenhasse em tais ações, a mesma também não seria salva. Portanto, a salvação de uma pessoa dependeria se Deus haveria lhe concedido ou não esta graça. A justificativa para tal ideia vem do fato do homem, mau por natureza, dever depender de Deus em todos os aspectos de sua vida, não podendo por si mesmo fazer nada que seja bom e digno.

e) Condenação ao pelagianismo: Heresia proposta pelo Bispo Pelágio, o pelagianismo defendia a autonomia humana, ou seja, o homem, por si só, com a prática de boas obras e força de vontade, poderia encontrar a salvação. Neste sentido, esta teoria descartava a necessidade da Graça Divina como pressuposto para a salvação. Dessa forma, esta doutrina trazia consigo uma forte influência grega ao enfatizar a autonomia humana que pode direcionar e determinar as ações de maneira racional, demonstrando o autodomínio humano. Santo Agostinho condena o pelagianismo uma vez que o homem não pode ser autônomo, pois sua natureza é má e, dessa forma, irá sempre direcioná-lo à prática do mal, concluindo que o homem não pode ser livre e dono de si mesmo, ou seja, independente de Deus.

f) “Crer para compreender, compreender para crer”: Agostinho, como um dos mais importantes pensadores medievais, vai defender evidentemente a superioridade da fé sobre a razão. As Verdades reveladas são inquestionáveis e nelas não há nada que possa ser colocado em dúvida ou questionado. Por outro lado, tal prevalência das verdades divinas não significa que os homens não possam compreendê-las pela razão. No entanto, há de se ter bem claro que tais Verdades não podem ser questionadas, mas simplesmente compreendidas quando for possível, pois há Verdades que fogem à capacidade de compreensão humana. Assim, a fé vem antes da compreensão. Primeiro o cristão deve crer, acreditar, depois ele va tentar compreender aquilo que acredita. Se for possível a compreensão, a razão confirma a fé, se não, a fé permanece inalterada. Teoria da Iluminação Divina: Inspirado em Platão e Sócrates, Agostinho desenvolve sua teoria do conhecimento ou epistemologia a partir da premissa de que as verdades são eternas e encontram-se dentro do homem uma vez o próprio Deus está em seu interior Dessa forma, a maneira de encontrar a verdade é voltando-se para si mesmo com a ajuda do próprio Deus, que ilumina a mente humana.


4. Tomás de Aquino.




Sem dúvida, o principal pensador da Escolástica foi Santo Tomás de Aquino. Sua filosofia, conhecida com tomismo, representam ainda hoje a mais pura e elevada teologia. Apoiado no pensamento Aristotélico, Tomás de Aquino fez uma síntese extraordinário entre o cristianismo e o aristotelismo. O objetivo de sua filosofia é o mesmo de toda a filosofia medieval: explicar a fé através da razão. A diferença que marca a proximidade de sua filosofia ao mundo real é a valorização da realidade sensorial, não estando somente baseada em um mundo metafísico e distante do homem. A epistemologia tomista A busca do conhecimento das Verdades e sua explicação por meio da razão é o foco principal da filosofia tomista, desse modo, o filósofo consegue falar de praticamente tudo em sua síntese denominada de Suma Teológica. Para o conhecimento dos seres é necessário observar os seguintes princípios:

a) Princípio da não contradição: afirma que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Tal princípio, como vários outros, são princípios lógicos retomados da filosofia aristotélica.

b) Princípio da substância: afirma que é possível encontrar a essência de todos os seres existentes, ou seja, é possível conhecer a verdade de todos os seres.

c) Princípio da causa eficiente: afirma que em todos os seres é possível encontrar quem os fez, ou seja, quem provocou sua existência. • Princípio da finalidade que afirma que em todos os seres é possível encontrar o seu objetivo, a sua finalidade, o porquê de sua existência. .

d) Princípio do ato e da potência: diz que em todos os seres é possível identificar o ser e suas características no agora e as possibilidades que eles possuem.

A distinção entre ser e essência Tomás de Aquino divide a metafísica, a busca pela essência dos seres, em duas dimensões ou duas partes, que seriam a metafísica do ser em geral, isto é, do mundo, dos seres do mundo e a metafísica do ser pleno, ou seja, de Deus. Ao dividir a metafísica seu objetivo é distinguir ser e essência, encontrando, dessa forma, a essência de Deus e dos outros seres criados. Segundo o filósofo, Deus é ser, pois ele é essência, e o mundo tem ser, pois ele foi criado por Deus é, portanto, possui a essência em alguma medida a essência divina . Assim, encontrando a essência das coisas é possível encontrar, pelo menos parcialmente, a essência de Deus. Neste sentido, Tomás de Aquino afirma que Deus é o Ato puro, ou seja, não tem possibilidades, pois é perfeito, não tendo passado nem futuro. É o eterno presente.

A parte mais importante da filosofia tomista são as cinco provas da existência de Deus. Com elas ele pretende provar logicamente, não apelando à fé, a necessidade da existência de Deus como causa de possibilidade da existência e movimento de tudo o que existe.



1ª prova: O primeiro motor

Para cada movimento existente no mundo, há um impulso anterior que o colocou em movimento. É necessário, portanto, uma primeira causa para dar movimento às outras coisas. Voltando ao passado, encontraremos o Impulso Original, o primeiro motor que ser Deus.

2ª prova: A causa eficiente

Coisas novas nascem o tempo todo. Para cada um desses eventos deve haver uma causa que o produziu. Regredindo causa por causa, encontraremos a primeira, a que causa tudo e não precisa de nada para ser causada. Esta causa é Deus.

3ª prova: O Ser necessário e ser contingente

Tudo que existe tem um início e um fim, porém, todas as coisas mudam e dependem de outras para a sua existência. Mas antes do primeiro ser existir, ele necessitou de outro ser, pois nada pode surgir do nada. Eventualmente, haverá algo original que não depende de nada para que exista. Este ser é Deus, pois ele tem em si a causa de sua própria existência.

4ª prova: Os graus de perfeição

Todos os seres têm qualidades em maior ou menor grau. Para podermos comparar um ser com outro, devemos ter um referencial, algo puramente perfeito, de onde todas as coisas descendem em uma ordem perfeita. Esta perfeição é Deus.

5ª prova: A finalidade do ser

Todos os seres possuem uma finalidade. É necessário que exista um ser inteligente que dirige todos os seres brutos, aqueles que não podem se determinar, como uma montanha ou o mar, para que estes cumpram o objetivo pelo qual existem. Essa inteligência é Deus.

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